terça-feira, 20 de julho de 2010

A Cratera de Pelor

Durante muitos anos houveram conflitos intermináveis nas fronteiras do norte perto da cidade de Beltrar. Algumas foram tão importantes para a definição da historia quanto foram sangrentas. Muitas das regiões mudaram de nome depois de grandes batalhas. Como o Pico Kalamar, que depois da luta entre o povo Druida do norte e os anões da fronteira, começou a se chamar Pico dos Pequenos Gigantes, já que os anões trucidaram todos os Druidas sem muitas baixas em seu exercito. Houve também o Vale da Brisa, que se chamava assim por ficar no pé de uma escarpa em contato com o mar onde o fenômeno de inversão térmica ocasionava brisas suaves à noite para os navegadores, mas que mudou de nome depois do Rei de Beltrar exterminar o exercito de mortos-vivos de um necromante renegado e passou a se chamar Vale dos Ossos. Mas de todos os eventos que aconteceram lá, o mais importante e que mudou - não só o nome – mas a paisagem também, foi à batalha de vinte minutos.

O Rio Uivante ficava em uma parte cerrada de uma floresta em cima da escarpa que dava para o Vale dos Ossos. O rio era chamado assim pela quantidade assustadora de lobos que viviam por aquelas bandas junto à margem e a cachoeira que jorrava por cima da escarpa. Muitos acreditavam que aqueles lobos tinham sido, em uma época muito distante, um povo que fora amaldiçoado por alguma feiticeira a passar a vida uivando e latindo, protegendo a área onde se dera o declínio de sua população. Por lá passava o décimo terceiro rei da cidade de Beltrar em uma noite escura sem estrelas logo após derrotar o exercito de Maximiliam, o perverso, que vinha saqueando e destruindo cidades inteiras durante cinco anos. Seu exercito tinha sofrido inúmeras baixas, seus soldados estavam cansados, feridos e não tinham certeza se realmente possuíam um motivo para comemorar, já que aquela vitoria parecia muito uma derrota. Eles chegaram à margem do rio perto da hora em que a lua atinge o ponto mais alto do céu. O guia real, assim como o rei e vários de sua comitiva tinham certeza que o caminho feito por eles iria levá-los de volta a cidade, mas ao chegarem não encontraram a ponte que deveria ligar uma margem a outra. Não havia nem vestígios de que tivesse existido uma ponte naquele local.
Porém, antes que conseguissem analisar melhor o local, o rei e seus cinqüenta homens foram atacados por uma matilha com mais de cem lobos. A floresta inteira se agitou com o grito dos homens e os latidos e os uivos dos lobos. Não houve um animal em um raio de dez quilômetros que não acordou com a confusão. Alguns vilarejos há vinte quilômetros de distancia relataram terem ouvidos latidos baixos e gritos naquela mesma noite. Dentro daquela floresta estreita onde os homens mal podiam enxergar, mais da metade morreu sem nem conseguir alcançar sua espada ou seus arcos já que a maioria que sobreviveu a guerra contra o exercito de Maximiliam eram arqueiros. Felizmente os que não morreram ao primeiro ataque conseguiram pular no rio e nadar até a outra margem. Molhados, feridos, cansados, os homens do rei cambalearam na areia só para serem pegos de guarda baixa por cinquenta lobos que esperavam escondidos na floresta da outra margem. No meio da luta o rei percebeu que estava há vários metros de distancia da cachoeira que jorrava pela escarpa e que lá em baixo se encontrava o Vale dos Mortos. Lutou e durou mais do que qualquer um já que estava no auge de sua forma, possuía o sangue real de uma linhagem muito grande de reis e rainhas, além de já ter lutado com feras mais malignas e ferozes que os lobos.
- Que o deus Pelor derrame sua luz sobre mim e me proteja da escuridão que esconde os filhos de Atakamar. – Disse o rei se protegendo atrás de seu escudo com a imagem de um sol que representava o deus Pelor. – E se for de seu desejo me levar para seu lado, lhe peço para que meu carrasco seja você.
Então uma luz divina desceu do céu cegando todos os lobos e o próprio rei. Por alguns segundos ele já não escutava nada, até o lobos tinham ficados calados e não gemiam nem de dor. De repente uma explosão sacudiu o chão e tudo desapareceu. Onde há uns dias existia uma cachoeira, agora havia um grande buraco no chão, aquele ponto da escarpa tinha sido destruído praticamente ao meio e se formou a Cratera de Pelor onde, até hoje, correm as águas do Rio Uivante.

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